Pesquisar este blog

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ÁFRICA DO SUL: DOMINAÇÃO, APARTHEID E MANDELLA (PARTE 04)

FONTE: PORTAL POSITIVO.

1818 - Os Zulus e o Mfecane

A vida não era necessariamente tranquila na África do Sul. Se o clima era tenso entre ingleses e bôeres ou entre esses e os africanos, não demoraria a acontecer uma espécie de guerra entre as próprias tribos africanas. Esse movimento, que ocorreu no século XIX, ficou conhecido como Mfecane, traduzido como "esmagamento". Consistiu em uma ação guerreira em que alguns grupos nativos africanos passaram a expandir-se esmagando os povos ao redor, abarcando-os ou forçando-as a migrar para outras regiões*. Algumas de suas causas foram a explosão demográfica, a falta de terras e a seca, que levaram as populações nativas para uma disputa pelos melhores pastos.
 
Entre os reinos conquistadores, destaca-se o Zulu, que, com seu líder Shaka, acabou incorporando inclusive outros reinos a seu povo. O sucesso do grupo deveu-se a novas táticas militares, que fizeram deles os senhores de uma região da África do Sul conhecida como Natal.

Shaka entendia também de táticas e estratégia. (...) Ao avistar o inimigo, seus regimentos adotavam uma formação de batalha baseada no ataque de um búfalo: um "peito" compacto de veteranos experimentados no centro, "lombos" de reserva na retaguarda, e "chifres" de guerreiros mais jovens em ambos os lados, que podiam cercar rapidamente as forças inimigas.**
 
Além de desenvolver novas formas de lutar, o exército zulu destacou-se pelo recrutamento. Tinha guerreiros com até 30 anos, treinados para correr rapidamente dezenas de quilômetros em pouco tempo.
O Mfcane, do qual os zulus foram um grupo vitorioso, deixou marcas na África do Sul. Entre elas, a diminuição considerável das populações africanas. Aproximadamente 1 milhão de pessoas morreram, e outro milhão foi desalojado. A ação foi pior nas regiões de Natal e do Estado Livre de Orange, deixando os territórios frágeis e tornando-os alvos mais fáceis para a expansão bôer.
 
(...) o Mfecane teve como efeito a despovoação de consideráveis porções do território da África Austral, o que facilitou, em seguida, a apropriação da terra africana pelas comunidades migrantes de colonos brancos. Não somente estes colonos bôeres colocaram as mãos nas partes mais ricas do solo africano, mas também, lançaram-se imediatamente em campanhas sistemáticas de roubos de rebanhos e organizaram a escravidão dos africanos recorrendo aquilo que, por eufemismo, chamavam de "aprendizagem".***


*Entre os povos mais afetados pelo Mfcane estão os Nguni e os Sotho. Esses primeiros habitavam a região de Natal, na África do Sul, que se tornaria área de domínio zulu.
**HISTÓRIA em revista. A força da iniciativa - 1800-1850. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1992. p. 159.
***AJAYI, J. F. Ade. História Geral da África VI. África do século XIX à década de 1880. Unesco: MEC - Universidade Federal de São Carlos, 2010. p. 106.

Nenhum comentário:

Postar um comentário